Bia Albernaz
http://riodejaneiroqueeuamo.blogspot.com.br/2009/09/detalhe-do-telhado-com-suas-telhas-de.html |
Lutar contra o esquecimento não se dá pela simples lembrança. Memória é experiência. Tem duração e pressupõe participação, no sentido clássico da palavra – em que madeira e fogo participam um do outro para formar a fogueira. Um passa a ser o outro. Participação é identificação. E identificação se dá pela participação em um processo específico de construção.
Além de ser uma instituição de ensino e pesquisa, o Instituto Superior de Educação do Rio de Janeiro é um museu pedagógico: um lugar para se visitar, consultar, recordar, prestando-se à busca afetivo-intelectual ao tocar a sensibilidade e a inteligência das pessoas, sejam elas crianças, adolescentes, adultos ou idosos, alunos e não alunos da instituição. Para isso o Instituto deve procurar um modo de abrir as suas portas a todos, convidando a todos a se apropriarem e participarem de sua experiência como uma matriz da educação pública, gratuita e laica.
Para manter vivo o Instituto, porém, é preciso reconhecer as suas contradições e rever permanentemente os seus pontos de vista. Para preservar a sua memória, portanto, é preciso colocá-la em discussão, politicamente, reconstruindo-a por um ritual com o qual todos possam se identificar e ao mesmo tempo estranhar. O Instituto, nessa acepção, deve ser um lugar de aprendizagem, para além das suas salas de aula. A discussão deve tomar o teatro, o torreão, o pátio, cada cantinho é passível de ser pensado museograficamente, na medida em que contribua para a transversalização de saberes e de poderes expostos no espaço da instituição.
O Instituto de Educação como um todo e em cada uma das suas partes pode ser uma porta para a história do pensamento educativo no Brasil. Muitas atividades já têm sido realizadas dentro dessa concepção. Trata-se apenas de aprofundá-la, de torná-la consistente “como manifestação de uma proposta educacional não de ressurreição mas de refundação, de reivindicação de uma potência para o que está vivo”, ainda que e talvez por isso mesmo a vida desse lugar passe pela experiência do abandono.
O Instituto de Educação como um todo e em cada uma das suas partes pode ser uma porta para a história do pensamento educativo no Brasil. Muitas atividades já têm sido realizadas dentro dessa concepção. Trata-se apenas de aprofundá-la, de torná-la consistente “como manifestação de uma proposta educacional não de ressurreição mas de refundação, de reivindicação de uma potência para o que está vivo”, ainda que e talvez por isso mesmo a vida desse lugar passe pela experiência do abandono.
Para a ressurreição, não há fórmula, mas pode haver um roteiro, um ritual teatralizado provocador que nos mostre o poder dos esquecidos contra a força que consome as coisas e as transforma em cinzas. Não se trata simplesmente de repetir um discurso de enaltecimento do tombamento do prédio. É preciso reacender as ideias que fizeram com que o prédio se erguesse. É preciso romper o isolamento, sem temer o risco de receber visitantes e de expor-se a um público externo e alheio ao que se passa no interior do Instituto. Pelo contrário, devemos buscar formas de atrai-lo. Lutar contra o esquecimento é cultivar o diálogo, a narração e a poesia, para além do discurso. Joguemo-nos na nossa realidade, na nossa história, reinventando modos de recontá-la.
* http://www.unirio.br/jovemmuseologia/documentos/3/resumo_albernaz.htm
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Exemplos de visitas teatralizadas
Entre as atrações do Programa Educativo estão Visitas Teatralizadas ao prédio do CCBB. |
A deusa Têmis encontra Rui Barbosa no Tribunal da Justiça. Ver: http://www.tjrj.jus.br/web/guest/institucional/esaj/iv-encontro-escolas/galeria/visita |