Lá vou eu saindo da vila Esperança.
Caminhando tranquila e atenta. Com a mente calma e alerta.
Passo por eles que ouvem “Soldado do morro”, e tento
compreender a realidade deles. Daí percebo que esta é, também, a minha
realidade.
Mas hoje desci sem ouvir nada. Estava querendo ver.
Gostaria de fotografar,
mas não são todos os locais que eu ousaria carregar uma câmera.
Passei pela família “Peppa Pig”.
Um leitão – maior que
muito marmanjão por aí –, uma leitoa e seus filhotes.
Estavam
descansando, ainda era cedo.
Mais embaixo estava um jovem preto magrelo,
fazendo de sua “nove”, limpinha, um apito, ao assoprar o cano vazio.
Fui seguindo com os olhos bem abertos.
Observei que, na
garagem da transportadora, tem uns tijolos vazados com desenhos quadrados.
Normalmente vejo redonda a parte central do tijolo.
Observei, também, uma Santa Mãezinha olhando a Lua de São
Jorge.
Tem uma casa de ração na esquina entre as ruas Edmundo e Soares
de Meireles.
No muro tem uma linda imagem de São Jorge e seu dragão.
Larguei o dragão de São Jorge e segui para a linha do trem.
Aqui, o único Ramal que passa é o de Belford Roxo.
Atravessei o buraco
da linha do trem – paredes quebradas para servir de passagem por
cima da linha férrea – e cheguei numa Pilares suburbana, porém
habitável.
E lá vou eu esperar meu 457 para ir ao Instituto de Educação.
Texto e foto de Michele Souza |