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31 de janeiro de 2015

Palácio dos Teixeira no Catete

Ivana Teixeira da Silva
Aprendendo no Palácio do Catete, observa-se a edificação de seu prédio (1858-1866) com arquitetura neoclássica. Em suas dependências funcionam uma livraria e um cinema. Vale ressaltar um imenso e lindo jardim, palco de inúmeros encontros e desencontros.
Foto do site oficial do Museu da Republica
Foi erguido como residência da família do cafeicultor luso-brasileiro Antonio Clementino Pinto (Barão de Nova Friburgo). Após sua morte, seu filho o vendeu. Até que em 1897, no governo de Prudente de Moraes, passa a ser oficiosamente a sede do Governo Federal, considerado assim palco de diversas decisões políticas que marcaram nossa história.

Quando o barão suíço Von Tschudi visitou a região de Cantagalo, no estado do Rio de Janeiro, no século XIX, ao se referiu ao Barão de Nova Friburgo, lembrou de um provérbio brasileiro que dizia: Quem furtou pouco fica ladrão, quem furtou muito, fica barão. Em Nova Friburgo, Clemente Pinto possuía um pavilhão de caça (hoje o Sanatório Naval), um solar e um chalé no Parque São Clemente (hoje pertencente ao Nova Friburgo Country Club). Responsável pela chegada da linha ferroviária até Nova Friburgo, o barão, que era também um traficante de escravos, possuía uma grande fazenda em Cantagalo, além do Palácio do Catete.
O presidente Prudente de Morais, de 1894 a 1898, em retrato de Almeida Júnior
O Museu relembra o suicídio de Getúlio Vargas. Foto do pijama e da arma usados por ele na ocasião. Foto de Rafael Andrade, no site da Folha de São Paulo.
Aprendendo do Palácio do Catete, atenta-se para o chafariz, a natureza, o riacho, a ponte, a gruta, o silêncio, o barulho dos animais, dentre outros aspectos que compõem o jardim transmitindo sentimentos como paz, esperança, história, alegria, saudades...
 Clipes filmados pelo fotógrafo Paulo Resende em abril de 2009.
Neste jardim, ocorrem inúmeros eventos culturais, folclóricos, palestras e exposições. Mas uma em específico marcou a vida da minha família: “Insetos Gigantes”. Minha filha, Marcella, na época com nove anos, ficou apaixonada pelo jardim e seus insetos. Desde então, hoje com catorze anos, recorda com carinho deste lugar e sempre pede: “_Mãe, vamos passear no jardim dos insetos?”
A exposição "Insetos na Cultura Brasileira", entre 15 de janeiro a 14 de março de 2010, no Jardim do Museu da República, foi montada com material da FioCruz. Veja o filme promocional, extraído do site Ciência Hoje
Aprendendo o Palácio do Catete, vivencia-se um lugar histórico, importantíssimo para o entendimento do passado, transformação do presente e construção de um futuro melhor. Sobretudo este é um lugar que consegue traçar um eixo entre o antigo e o novo. Eventos como a exposição mencionada possibilitam uma aproximação entre o lugar  e os cidadãos comuns, afetando-os com uma experiência de República não só baseada na contemplação da história do país, mas pelo amplo usufruto dos espaços comuns.
A pequena Marcella, filha da família Teixeira, aproveintando a sua visita ao Museu da República.

Um dia, o lugar o Palácio do Catete foi a casa da família Pinto, depois dos Moraes, dos Vargas ... e hoje é dos Teixeiras e de todos os cidadãos desta cidade do Rio de Janeiro.
 

30 de janeiro de 2015

Os intermediários - os lugares sob a lente fotográfica de uma criança


Márcia Fernandes
Dores, alegrias, inocências, angústias e esperanças se misturam em diversas obras que, em épocas diferentes, discutem o olhar da criança, seus  ângulos e perspectivas, que adultos não conseguem captar. Com o que sonha a criança? O que a imagem traduz é produto de sua  consciência  focada num ponto, em um objeto, uma paisagem?
Entre o real e o imaginário, há um intermediário: a criança. Olhar o mundo pela sua  perspectiva nos conduz  a um questionamento constante: Afinal, o que é real? O que é imaginário? Uma travessia por um caminho tênue entre o abrir e o fechar dos olhos no piscar de um clique. Mas o que busca a criança quando posiciona a lente numa direção?   O que ela  escolhe nem sempre é angelical ou cor-de-rosa. O cenário em foco dialoga com a sua realidade  ou com uma realidade que ela aspira ter, viver. A foto  alça voos  e chega  nas  fronteiras  mais sutis  ou mais hostis da realidade  infantil,   onde o adulto não poderia imaginar que  um olhar infantil pudesse chegar. 
O projeto “Aprender nas Ruas” (ISERJ), coordenado pela professora Bia Albernaz, do curso de Pedagogia, em parceria com o projeto “Ônibus da esperança” (Bus der Hoffnung), realizado pela professora Criz Muniz, da Brinquedoteca da Educação Infantil, concebeu um programa de visitas pelo Rio de Janeiro com 10 crianças, de 7 a 14 anos, que teve início com a realização de um   passeio fotográfico pelo próprio ISERJ-Instituto de Educação do Rio de Janeiro. O objetivo era que elas fotografassem espaços nunca antes transitados por eles. Captar a sensibilidade deles e transferi-la para a nossa realidade nos levou (aos adultos da equipe, que também contava com quatro monitoras da Pedagogia) a ler paisagens e  lugares que conhecíamos, sob a luz de um  olhar investigativo e surpreendente, que nos   trouxe momentos de beleza, alegria e inquietação.

Os lugares do  percurso fotográfico realizado com as crianças foram  previamente escolhidos, como o Salão Nobre e o Torreão. Apesar de dispormos de um roteiro, as iniciativas e reações foram livres para que cada um fotografasse o que desejasse. Com a câmera na mão, lá foram eles. E deu muito certo, talvez porque não seja preciso muito para se compreender que “ver está muito além de enxergar”, como lembra Evgen Bavcar. Quem foi ele? Para ver o trecho do filme “A janela da alma”, clique AQUI.
Mas, caminhemos mais um pouco com as crianças e suas iniciativas fotográficas. 
Passando pelos lugares do Instituto, com as crianças, percebemos o quanto é importante cada um buscar o seu foco, o seu caminho.
No terceiro andar da instituição, as crianças fotografaram a exposição da Comissão da Verdade montada para lembrar os 50 anos do golpe de Estado, dando início à ditadura militar com a ocorrência de perseguições e tortura de presos políticos no Brasil.

A vida, nestes momentos, transita  pelas fronteiros do passado e do presente e do que é bom e ruim.


Ainda de acordo com Evgen Bavcar, “o mundo perdeu a sensibilidade de olhar e vivemos uma fase de cegueira generalizada e numa mídia que propõe e impõe uma imagem pronta a ser consumida”.
A fotografia auxilia o processo de acompanhar os nossos pequenos em outras esferas para que o olhar da infância, carregado de fundos imaginários dentro de cenários reais, faça com que a emoção aflore e se registre na imagem... Nosso equilíbrio interior depende da nossa capacidade de nos emocionarmos.
O que busca uma criança quando mira uma câmera? Muito mais do que uma imagem. Nesse momento, eles se tornam autores do próprio percurso, seja mágico e doce, seja trágico.