Márcia Fernandes
Dores, alegrias, inocências, angústias e esperanças se
misturam em diversas obras que, em épocas diferentes, discutem o olhar da
criança, seus ângulos e perspectivas,
que adultos não conseguem captar. Com o que sonha a criança? O que a imagem
traduz é produto de sua consciência focada num ponto, em um objeto, uma paisagem?
Entre o real e o imaginário, há um intermediário: a
criança. Olhar o mundo pela sua perspectiva nos conduz a um questionamento constante: Afinal, o que é
real? O que é imaginário? Uma travessia por um caminho tênue entre o abrir e o
fechar dos olhos no piscar de um clique. Mas o que busca a criança quando posiciona
a lente numa direção? O que ela escolhe nem sempre é angelical ou cor-de-rosa.
O cenário em foco dialoga com a sua realidade
ou com uma realidade que ela aspira ter, viver. A foto alça voos e chega
nas fronteiras mais sutis ou mais hostis da realidade infantil,
onde o adulto não poderia imaginar que um olhar infantil pudesse chegar.
O
projeto “Aprender nas Ruas” (ISERJ), coordenado pela professora Bia Albernaz,
do curso de Pedagogia, em parceria com o projeto “Ônibus da esperança” (Bus der Hoffnung),
realizado pela professora Criz Muniz, da Brinquedoteca da Educação Infantil, concebeu
um programa de visitas pelo Rio de Janeiro com 10 crianças, de 7 a 14 anos, que
teve início com a realização de um passeio fotográfico pelo próprio
ISERJ-Instituto de Educação do Rio de Janeiro. O objetivo era que elas
fotografassem espaços nunca antes transitados por eles. Captar a sensibilidade
deles e transferi-la para a nossa realidade nos levou (aos adultos da equipe,
que também contava com quatro monitoras da Pedagogia) a ler paisagens e lugares que conhecíamos, sob a luz de um olhar investigativo e surpreendente, que
nos trouxe momentos de beleza, alegria e inquietação.
Os lugares do percurso fotográfico realizado com as crianças foram previamente escolhidos, como o Salão Nobre e o Torreão. Apesar de dispormos de um roteiro, as iniciativas e reações foram livres para que cada um fotografasse o que desejasse. Com a câmera na mão, lá foram eles. E deu muito certo, talvez porque não seja preciso muito para se compreender que “ver está muito além de enxergar”, como lembra Evgen Bavcar. Quem foi ele? Para ver o trecho do filme “A janela da alma”, clique AQUI.
Mas, caminhemos mais um pouco com as crianças e suas iniciativas fotográficas.
Passando pelos lugares do Instituto, com as crianças, percebemos o quanto é importante cada um buscar o seu foco, o seu caminho.
No terceiro andar da instituição, as crianças fotografaram a exposição da Comissão da Verdade montada para lembrar os 50 anos do golpe de Estado, dando início à ditadura militar com a ocorrência de perseguições e tortura de presos políticos no Brasil.
A vida, nestes momentos, transita pelas fronteiros do passado e do presente e do que é bom e ruim.
Ainda de acordo com Evgen Bavcar, “o mundo perdeu a sensibilidade de olhar e vivemos uma fase de cegueira generalizada e numa mídia que propõe e impõe uma imagem pronta a ser consumida”.
Passando pelos lugares do Instituto, com as crianças, percebemos o quanto é importante cada um buscar o seu foco, o seu caminho.
No terceiro andar da instituição, as crianças fotografaram a exposição da Comissão da Verdade montada para lembrar os 50 anos do golpe de Estado, dando início à ditadura militar com a ocorrência de perseguições e tortura de presos políticos no Brasil.
A vida, nestes momentos, transita pelas fronteiros do passado e do presente e do que é bom e ruim.
Ainda de acordo com Evgen Bavcar, “o mundo perdeu a sensibilidade de olhar e vivemos uma fase de cegueira generalizada e numa mídia que propõe e impõe uma imagem pronta a ser consumida”.
A fotografia auxilia o processo de acompanhar os nossos pequenos em outras
esferas para que o olhar da infância, carregado de fundos imaginários dentro de
cenários reais, faça com que a emoção aflore e se registre na imagem... Nosso equilíbrio interior depende da nossa capacidade de nos
emocionarmos.
O que busca uma criança quando mira uma câmera? Muito
mais do que uma imagem. Nesse momento, eles se tornam autores do próprio
percurso, seja mágico e doce, seja trágico.
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