Rio de Janeiro, 23 de Outubro de 2011
Cara Senhora Cachoeira da Cascatinha,
Com certeza a senhora não me conhece, então apresentar-me-ei: sou a Velha Mansão construída no século XIX, sua vizinha. Localizo-me à rua Boa Vista, nº 85, e ocupo uma área construída em 1200m². Contudo, a área pertencente a minha propriedade é de 30.000m².
Já fui uma nobre residência nos áureos tempos do café, porém hoje estou em péssimo estado. Diria mesmo que de total abandono.
Dizem os senhores especuladores imobiliários de plantão, que o meu valor está em torno de 30.000 milhões de euros. Veja só que incoerência! Tenho a aparência de uma necessitada que vive passando contínuas privações.
Bem, em verdade, escrevo-lhe para fazê-la saber da grande admiração que tenho pela senhora. Além disso, queria dizer o quanto me emociona a alegria que durante muitos anos o senhor Visconde de Taunay desfrutou de sua fascinante e bela companhia.
Eu não a conheço pessoalmente, mas através de pinturas, gravuras e fotos que os meus antigos proprietários e visitantes traziam, inclusive as do senhor Rugendas, tive o prazer de contemplá-la e até mesmo compreender os comentários a respeito da beleza de suas quedas d’água.
No silêncio da noite, ouço a correria de suas águas passarem num córrego próximo, e por elas gostaria de mandar-lhe lembranças, mas elas não retornaram mais...
Assim, sem saber da sorte que no futuro espera-me, parabenizo-me por estar vivendo esses longos séculos, próximo de uma senhora tão nobre e bela, e saúdo-lhe pela graça e pelo poder de contínua renovação da vida que lhe foi outorgado pela Mãe Natureza.
Já fui uma nobre residência nos áureos tempos do café, porém hoje estou em péssimo estado. Diria mesmo que de total abandono.
Dizem os senhores especuladores imobiliários de plantão, que o meu valor está em torno de 30.000 milhões de euros. Veja só que incoerência! Tenho a aparência de uma necessitada que vive passando contínuas privações.
Bem, em verdade, escrevo-lhe para fazê-la saber da grande admiração que tenho pela senhora. Além disso, queria dizer o quanto me emociona a alegria que durante muitos anos o senhor Visconde de Taunay desfrutou de sua fascinante e bela companhia.
Eu não a conheço pessoalmente, mas através de pinturas, gravuras e fotos que os meus antigos proprietários e visitantes traziam, inclusive as do senhor Rugendas, tive o prazer de contemplá-la e até mesmo compreender os comentários a respeito da beleza de suas quedas d’água.
No silêncio da noite, ouço a correria de suas águas passarem num córrego próximo, e por elas gostaria de mandar-lhe lembranças, mas elas não retornaram mais...
Assim, sem saber da sorte que no futuro espera-me, parabenizo-me por estar vivendo esses longos séculos, próximo de uma senhora tão nobre e bela, e saúdo-lhe pela graça e pelo poder de contínua renovação da vida que lhe foi outorgado pela Mãe Natureza.
Minhas sinceras congratulações,
Velha Mansão
P.S. - Envio-lhe duas fotos minhas e uma imagem sua que guardo em minha memória.
Cascatinha, por Johann Moritz Rugendas (1822) |
Texto escrito por Maria Cristina Cezar Machado
Uma linda carta com uma triste verdade. Enquanto a especulação imobiliária não se apoderar de todos os casarões das encostas do Alto da Boa Vista, transformando-os em condomínios fechados e impenetráveis, poderemos usufruir das belezas da Mãe Natureza.
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