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20 de abril de 2011

De fazenda a bairro (carta de agradecimento ao Meier)

Alex Andrade
Tornamos público a tua promoção, por serviços prestados por tão longa data, de Fazenda  a Bairro, ó MAYER. Desde muito cedo já notávamos tua personalidade aflorada. Tudo começou com o desentendimento daqueles fazendeiros, que se diziam donos de ti, e com os Jesuítas, que acabaram sendo expulsos  pela Coroa Portuguesa.

De Fazenda a Bairro, em 13 de maio de 1889, sempre demonstrando um coração bondoso, acolheste a todos, inclusive os escravos fugidos que formaram quilombos  na Serra dos Pretos-Forros.

No primeiro plano, Taquara, Tanque, Pechincha, Freguesia e Linha Amarela. Ao fundo: a Serra dos Pretos Forros

Nome imponente: Augusto Duque Estrada Mayer.
Daí ao progresso foi um pulo. E você se tornou um dos lugares mais valorizados da Zona Norte: Estação ferroviária, o jardim do Méier.
          Ah, o jardim do Méier, que alegria e encantamento! Os passeios com meus pais, o teatro de marionetes, as fotos com o lambe  lambe (como podia, de dentro daquele pano preto, sair uma foto?) E depois da foto, cinema Imperator a maior sala de cinema da América Latina com 2.400 lugares, passear pelas barraquinhas, quanta nostalgia.
          Já ia me esquecendo dos discursos políticos e paradas cívicas que meu pai adorava, enquanto minha mãe não perdia as apresentações musicais e os eventos religiosos. Aliás, quando começou a construção da Basílica do Sagrado Coração de Maria, não tinha um só dia que minha mãe não passasse em frente às obras, como se ela fosse a arquiteta responsável.
          E você, acolhedor Méier, sempre pronto a receber novas construções. Mais tarde para o deleite de meu pai, foi a vez dele, acompanhar as obras do Sport Clube Mackenzie. E quando ficou pronto, as tardes de domingo eram sempre na piscina. Mas o lugar seu que mais me encantava eram as escadarias, pareciam as mais altas do Rio. Era como se eu estivesse no céu. Lá do alto podia avistar o porto, pois você era baixo, depois cresceu e não conseguia mais ver nada. Que pena!
          Mesmo não tendo as praias  por perto, sempre que íamos até elas, eu trazia um punhado nos bolsos e as espalhava ao longo das suas calçadas. Em compensação, podíamos apreciar as belas montanhas que lhe cercavam e a sua calmaria que nos permitia a paz de espírito.
          Portanto e por muito mais, faltam-me palavras e espaço para agradecer pelo acolhimento, Rabisquei estas palavras para que todos sejam conhecedores da sua grandeza, querido Bairro.

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