Produzido no Instituto Superior de Educação do Rio de Janeiro - ISERJ. Nosso e-mail: cidadeeducativa@googlegroups.com

24 de abril de 2012

Procurando uma atividade cultural de qualidade? Visite uma bela exposição


MUSEU NACIONAL DE BELAS ARTES – RJ

Eliseu Visconti – A modernidade antecipada

Cerca 250 obras, entre pinturas, desenhos, cerâmicas e documentos do artista.
Das obras expostas, muitas nunca foram vistas pelo público.
Elas pertencem a 15 instituições e a 80 colecionadores particulares.

Local: Museu Nacional de Belas Artes – RJ

Período da Exposição: 4 de abril a 17 de junho de 2012.

                       Detalhes no site do MNBA (clique aqui)










21 de abril de 2012

METRÔ DO RIO




Gisele Chagas

Querido amigo,
com muito pesar
NÃO vou te convidar
para no metrô
vir me acompanhar.
Porque, ás cinco da matina,
inicia-se a minha sina
pra nele poder entrar.
E é tanto empurra-empurra
que quando você penetrar
já vai querer voltar.
De qualquer jeito
se você for
sentirá o terror.
É tanta gente te apertando,
no vagão, você vai sufocando.
Até chegar ao seu caminho,
você é um passarinho
que caiu do ninho.
Agonizando, sinta os odores
que pairam no ar.
Amigo, melhor nem comentar.
Pra finalizar,
melhor se benzer
na hora de descer.
Você não sabe
o que pode acontecer.
Valei-me !!!



19 de abril de 2012

Amigos de longa data

Mª Estelita R. da Silva
Uma velha fonte de uns 131 anos estava entediada. Sentia-se sozinha. Um dia, ela resolveu olhar além da porta. Ali havia belezas escondidas que ela ainda não tinha visto. Ao longe, uma grade parecia que não tinha fim.
Fonte - E aí tudo bem?
Grade – Ótimo, e você?
Fonte - Ah, mais ou menos. Ando meio chateada... É que eu fico sempre aqui dentro. Você aí fora pode ver coisas diferentes todos os dias. Há quanto tempo você está aí?
Grade - Há muuuuito tempo, mas o que tem isso? Sei que sou velha mas você é mais. Você tem 131 anos. Eu cheguei depois. Mas olha como estou bem conservada. Sempre estou com pintura nova.
Fonte - Você é que tem sorte. Faz tempo que não recebo nenhuma pintura ou conserto. Tenho saudades de quando eu era novinha, com as águas fluindo limpinhas, por entre as luzes. Eu parecia uma estrela. Todos me admiravam.
Grade - É assim mesmo, minha amiga. Quando somos jovens, nos admiram, acham que somos lindos.
Fonte - Mas velhice não é ruim. E nossas experiências não contam?
Grade - Você tem certa razão. Se eu não fosse velha, como poderia contar pra você tudo que já passei nessa vida, meus sentimentos, minhas alegrias e tristezas?
Fonte – Sabe, quando alguém passa e me toca, quando alguém me admira, sinto-me envaidecida. Todo inicio de ano é bem divertido. Novos alunos chegam e eles sempre me olham com admiração, mesmo que depois me esqueçam.
Grade – É, a vida é assim mesmo. O importante é que sempre vai aparecer alguém pra nos admirar, pois estamos aqui e fazemos parte da história deste prédio centenário. Sempre seremos lembrados em fotos tiradas com amigos, namorados, professores. Fazemos parte até do bairro, estamos na internet, somos vistas pelo mundo afora. Por isso não se sinta sozinha. Você é importante, e eu sempre estarei aqui para conversarmos.
Fonte - Obrigada, minha nova velha amiga!

A fonte
Foto: Jornal do ISERJ
 A grade
Foto: pedagogiaiserj
 Quem foi o arquiteto que construiu o prédio do Instituto de Educação?

16 de abril de 2012

O que é aprender no, aprender do, aprender o Mosteiro de São Bento do Rio de Janeiro

Else Kirschner de Lima Chagas

Aprender no mosteiro é procurar entender sua importância histórica para a cultura carioca. É entender que o Mosteiro de São Bento surgiu vinte e cinco anos após a fundação da cidade do Rio de Janeiro. É entender como a sua rica igreja barroca não se limita a ser um monumento histórico turístico religioso, mas também ser parte de um colégio e de uma faculdade renomados, com uma valiosíssima biblioteca, além de possuir um dos melhores órgãos do Brasil.

Aprender do mosteiro é compreender a complexidade das relações que ali se estabelecem. Lá aprendemos e observamos não só a disciplina dos próprios monges, mas também das pessoas que ali vão visitar. Pois por mais que elas tenham uma vida turbulenta e agitada, quando entram no mosteiro, absorvem e internalizam imediatamente as regras daquele lugar. Mulheres e homens tagarelas que ali pisam se calam, mesmo não sendo católicos, e observam, oram ou apreciam as magníficas esculturas e a arquitetura do prédio.

Aprender o mosteiro corresponde à minha própria aprendizagem com o mosteiro. Apesar de ele ficar localizado no centro do Rio, quando entro ali sinto como se entrasse em um portal que me leva para o século XVII. Fico imaginando os casais que concretizaram ou não sua felicidade naquele lugar, aqueles que se casaram ali. Fecho os olhos e me imagino casando, mesmo não sabendo quem será o noivo. Quer dizer, aprender o mosteiro é internalizar toda a sua paz, o seu silêncio; é imaginar histórias passadas e futuras, enfim – como dizem os jovens de hoje –, é curtir o mosteiro.


Órgão Berner. Fotos: Gisele Sant'Ana

15 de abril de 2012

A Alfândega me dá vontade de correr

Querida sobrinha,
hoje eu vou te descrever uma parte do Rio de Janeiro que não me sinto bem, um lugar que acho feio  e que me dá vontade de correr. Falo da rua da Alfândega, no Centro do Rio de Janeiro, que começa na rua 1º de Março e vai até o Campo de Santana. A Alfândega é uma rua muito comprida, mas muito estreita. Sua característica principal é ser do comércio. Lá se encontra de tudo, mas tudo mesmo. Lojas de roupas, sapatos, tintas, papelarias, o que se imaginar. E esta é a razão dela sempre estar lotada de gente indo, vindo, trabalhando e de passeio. 
Esta é uma foto da internet. É ou não a foto do caos?
Na Alfândega, a gente não sabe onde começa a loja e nem a calçada. É um tal de gente atropelando, gente que faz carga e descarga de material e quando está quente, ihhhh!!! Nem te conto. Esse é o famoso “Saara”. No começo, a rua era só um caminho, que ia da orla marítima até a Lagoa da Sentinela, um posto de guarda e vigilância contra o ataque de índios existentes nas proximidades da atual Praça da República. Seu nome mudava de acordo com o trecho: Quitanda de Marisco, Mãe dos Homens, dos Ferradores, de Santa Efigênia, do Oratório da Pedra e de São Gonçalo Garcia. O nome de rua da Alfândega foi dado somente em 1716. No começo era território de comerciantes ingleses, e mais tarde, de sírios e libaneses. Agora misturam-se as nacionalidades de portugueses, árabes, coreanos e chineses. 

Conheço pessoas que adoram esse tumulto, mas a única coisa que gosto dali são as construções que, infelizmente, também não são cuidadas, organizadas. Que nada! As calçadas estão todas desniveladas, e isso não é nada democrático. Para deficientes é bem difícil.

Beijos, Letícia Ayala Torales
PS - Te mando mais fotos ou imagens. 
Assim era melhor!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
Para você ver como ela é uma rua grande.
Quando chove é um horror.
Viu o tipo de arquitetura?

Visita à Aldeia Maracanã - sentimentos

http://todosomosindigenas.blogspot.com.br/
Mirza da Silva Albuquerque Santos
Uma das atividades da disciplina  "Estudos interdisciplinares do Rio de Janeiro" deste ano foi a visita, no dia 25 de março, ao antigo Museu do Índio no Maracanã, um lugar extremamente rico em história e completamente pobre em preservação.  Lá, foi possível perceber que, em relação à trajetória do resgate cultural indígena,  a ignorância nos assola e nos corrompe a cada dia. Um sentimento de impotência me invadiu. Onde estava, em todos esses anos, a “carioca da gema”? Nascida e criada no Rio de Janeiro, nem me dei conta da luta ainda em curso contra os indígenas e sua cultura, bem em solo urbano. Vivemos na ilusão! Índio não vive pelado dentro das Matas Amazônicas.  Índio sou eu e você.
http://www.ecodebate.com.br/2010/03/13/rj-indios-querem-salvar-o-antigo-museu-do-indio/Foto Norbert Suchanek
Em uma rápida pesquisa pela internet, constatei  que a luta é desigual, que as militâncias estão enfraquecidas, que poucos lutam pela causa da restauração do museu e, no reconhecimento da cultura indígena como patrimônio cultural, políticos e autoridades que apoiavam o movimento, calaram-se.  Hoje só quem se interessa pelo espaço cultural são os defensores dos direitos humanos e professores  que reconhecem a importância da cultura na educação de um povo. 
Registro da visita. Gravamos tudo em video. Eu carreguei o equipamento.
É muito desanimador olhar para nossa cidade com tanta história cultural, relíquias que dinheiro algum poderá comprar ou corromper, ser simplesmente demolida pela ganância de interesses financeiros e políticas urbanas equivocadas. Homens que deveriam levantar a bandeira do Rio de Janeiro com orgulho, levantam a poeira das demolições em nome da vaidade e da cobiça, sabedores da sua impunidade. Não sei qual será o futuro do prédio do Museu do Índio no Maracanã e nem dos indígenas que lutam pelo resgate de seus direitos como  Povos Originários. Confio que a justiça seja feita nem que seja em ultima instância e credibilize os direitos dos verdadeiros donos dessa terra.



Educar  é mostrar a vida a quem ainda não viu. O educador  diz: “Veja!” – e , ao falar, aponta. O aluno olha na direção apontada e vê o que nunca viu. Seu mundo se expande. Ele fica mais rico interiormente... E, ficando mais rico interiormente, ele pode sentir mais alegria e dar mais alegria – que é a razão pela qual vivemos. 
Rubem Alves

11 de abril de 2012

GRUPO APRENDER NAS RUAS


Nesta sexta, dia 13/4, no encontro CAIS - Congresso Acadêmico dos Institutos Superiores (FAETEC/ISERJ), estaremos presentes em dois momentos:

Manhã (11:00h) Educação de cara pra rua, performance com os alunos do 1º período de Arte e Educação

Tarde (16:30h) A cidade e a educação, debate com Cris Muniz, Carol Granato, Mônica Vallim, José Guajajara [a confirmar] e Bia Albernaz

9 de abril de 2012

Quero te contar sobre São Cristóvão, o bairro onde eu moro.

Marcilene Castro Costa       
       Querida Celina,
       Quero te estimular a vir conhecer São Cristóvão e com teus próprios olhos constatar o quanto é agradável e belo este bairro tradicional que pertenceu aos nobres e até ao Imperador. Temos a Quinta da Boa Vista, com seu verde exuberante; e a nossa Montmatre, a vila Santa Genoveva, que guarda a privacidade daqueles que ali habitam.
      Vou te mostrar o Observatório Nacional e a beleza precisa dos gigantescos telescópios. Imagine, Celina, que podemos, com o auxílio dos técnicos, observar uma linda noite enluarada.
      Ah, não resista. Vê se deixa tua paisagem praieira. Vem conhecer meu lugar e se deixe surpreender pela simplicidade que luta contra a modernidade do meu bairro, São Cristóvão.
Foto: RN Latvian31
Foto: blog do filme Praça Saens Peña  Vila Santa Genoveva por dentro
Foto: Edmar Moreira
Foto: Observatório Nacional
Da esquerda para a direita
Sentados: Domingos Fernandes da Costa (Astrônomo) / Isidoro E. Konh (Acad. Bras. de Ciências) / Alix Corrêa Lemos (Astrônomo) / ALBERT EINSTEIN (Físico) / Henrique Morize (Diretor do ON) / Alfredo Lisboa (Clube de Engenharia)
Em pé: João Cancio S. de Assunpção (Chefe de Portaria) / José Antonio França (Guarda Manobras) / Arthur de Almeida (Mecânico) / Frazão Milanês (Prof.Escola Naval) / Lélio Itapuambyra da Gama (Astrônomo) / Gualter de Macedo Soares (Astrônomo) / Carlos Magno (Radiotelegrafista) / Idelfonso da Silva Souto (Radiotelegrafista) / Francisco Venâncio Filho (Prof. Inst. de Educ.) / Adalberto Farias dos Santos (Astrônomo) / Ernesto Morize (filho de H. Morize) / Lauro Paiva (Astrônomo - Serv Sismologia) Hiron Jacques (Mecânico)

2 de abril de 2012

Em frente ao Instituto de Educação tem uma sapataria

Maria Lúcia Villan
          Em frente ao Instituto de Educação, na rua Mariz e Barros, no Rio de Janeiro, há uma sapataria, onde trabalha um rapaz simpático. Sou uma professora aposentada pelo Instituto, onde estudei e trabalhei por vinte anos. Fico imaginando o que se passa na cabeça desse rapaz. Como será que ele vê o meu colégio?
          - O senhor trabalha aqui há muito tempo e nunca entrou no Instituto de Educação. Como imagina que ele seja?
          - Imagino que ele seja bem grande. Afinal, foi criado para oferecer um ensino de qualidade e sempre foi referência na educação brasileira. Sei que o nível caiu um pouco. Na opinião de um modesto trabalhador, sei que ali falta tudo, principalmente respeito, salários dignos e condições de trabalho.
          - Mas o senhor colocaria seus filhos no ISERJ?
       - Sim, já tentei colocar meus filhos por três vezes e não consegui. O ISERJ é uma escola de tradição e ofereceria condições para meus filhos terem uma profissão.
          - Como o senhor imagina a relação entre alunos, professores e a comunidade?
          - Acho que a comunidade deveria participar mais da vida da Instituição.
***
          Este diálogo é fruto da minha imaginação, mas bem poderia ser verdade. Inventei-o enquanto olhava as sandálias na vitrine... e tentava adivinhar o destino daquele lugar pois sei que a sapataria irá cerrar para sempre as suas portas. O que será do rapaz simpático?
Van Gogh. Sapatos, 1888-9.