Mª Estelita R. da Silva
Uma velha fonte de uns 131 anos estava entediada. Sentia-se sozinha. Um dia, ela resolveu olhar além da porta. Ali havia belezas escondidas que ela ainda não tinha visto. Ao longe, uma grade parecia que não tinha fim.
Fonte - E aí tudo bem?
Grade – Ótimo, e você?
Fonte - Ah, mais ou menos. Ando meio chateada... É que eu fico sempre aqui dentro. Você aí fora pode ver coisas diferentes todos os dias. Há quanto tempo você está aí?
Grade - Há muuuuito tempo, mas o que tem isso? Sei que sou velha mas você é mais. Você tem 131 anos. Eu cheguei depois. Mas olha como estou bem conservada. Sempre estou com pintura nova.
Fonte - Você é que tem sorte. Faz tempo que não recebo nenhuma pintura ou conserto. Tenho saudades de quando eu era novinha, com as águas fluindo limpinhas, por entre as luzes. Eu parecia uma estrela. Todos me admiravam.
Grade - É assim mesmo, minha amiga. Quando somos jovens, nos admiram, acham que somos lindos.
Fonte - Mas velhice não é ruim. E nossas experiências não contam?
Grade - Você tem certa razão. Se eu não fosse velha, como poderia contar pra você tudo que já passei nessa vida, meus sentimentos, minhas alegrias e tristezas?
Fonte – Sabe, quando alguém passa e me toca, quando alguém me admira, sinto-me envaidecida. Todo inicio de ano é bem divertido. Novos alunos chegam e eles sempre me olham com admiração, mesmo que depois me esqueçam.
Grade – É, a vida é assim mesmo. O importante é que sempre vai aparecer alguém pra nos admirar, pois estamos aqui e fazemos parte da história deste prédio centenário. Sempre seremos lembrados em fotos tiradas com amigos, namorados, professores. Fazemos parte até do bairro, estamos na internet, somos vistas pelo mundo afora. Por isso não se sinta sozinha. Você é importante, e eu sempre estarei aqui para conversarmos.
Fonte - Obrigada, minha nova velha amiga!
A fonte