Maria Lúcia Villan
Em frente ao Instituto de Educação, na rua Mariz e Barros, no Rio de Janeiro, há uma sapataria, onde trabalha um rapaz simpático. Sou uma professora aposentada pelo Instituto, onde estudei e trabalhei por vinte anos. Fico imaginando o que se passa na cabeça desse rapaz. Como será que ele vê o meu colégio?
- O senhor trabalha aqui há muito tempo e nunca entrou no Instituto de Educação. Como imagina que ele seja?
- Imagino que ele seja bem grande. Afinal, foi criado para oferecer um ensino de qualidade e sempre foi referência na educação brasileira. Sei que o nível caiu um pouco. Na opinião de um modesto trabalhador, sei que ali falta tudo, principalmente respeito, salários dignos e condições de trabalho.
- Mas o senhor colocaria seus filhos no ISERJ?
- Sim, já tentei colocar meus filhos por três vezes e não consegui. O ISERJ é uma escola de tradição e ofereceria condições para meus filhos terem uma profissão.
- Como o senhor imagina a relação entre alunos, professores e a comunidade?
- Acho que a comunidade deveria participar mais da vida da Instituição.
***
Este diálogo é fruto da minha imaginação, mas bem poderia ser verdade. Inventei-o enquanto olhava as sandálias na vitrine... e tentava adivinhar o destino daquele lugar pois sei que a sapataria irá cerrar para sempre as suas portas. O que será do rapaz simpático?
Outro dia em conversa com esse rapaz simpático soube que a sapataria está queimando o estoque antigo apenas porque mudará de dono e ele continuará trabalhando lá.
ResponderExcluirLegal, pelo menos não vai virar farmácia, igreja ou estacionamento...
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