Praça Elizabeth Paixão, centro de Mesquita. Foto: Overmundo / prefeitura de Mesquita |
O
trajeto entre a minha casa e a faculdade onde estudo
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o Intituto Superior de Educação, na Tijuca
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se inicia às 4h20min da manhã. Mesmo
morando em frente à estação de trem de Juscelino, em Mesquita, este é um dos
piores horários para se pegar o trem. Quase sempre lotados, correm com as portas
abertas... Por isso, prefiro pegar dois ônibus, o que aumenta o tempo de viagem e os
custos no final do mês.
O bairro
em que moro é estratégico para as cidades de Nova Iguaçu e Mesquita. Algumas
das maiores empresas de ônibus, hospitais, indústrias e um grande centro de
recepção e distribuição dos Correios estão localizados nele. Isso faz com que a
oferta de transporte para toda a região metropolitana e até mesmo outras
regiões seja bem grande. Contudo, ainda observamos calçadas esburacadas,
iluminação pública insuficiente, coleta de lixo irregular. A cidade de Mesquita
não possui um hospital público. Próximo à minha casa, existe um posto de
saúde, uma creche, uma escola de educação infantil, duas de ensino fundamental
e uma de ensino médio profissionalizante. Não há opções de lazer, nada de cinema ou de teatro, embora exista um parque ecológico muito bonito, bem sinalizado e com
diversas cachoeiras.
Falta de calçamento em rua de Mesuita. Foto: Ana Claudia de Carvalho / O Globo |
As 5h, pego o primeiro ônibus
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Nova Iguaçu-Mariópolis
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–
em direção ao bairro de
Anchieta, o último bairro do subúrbio do Rio de Janeiro antes de chegar à Baixada Fluminense. Neste
horário, o trajeto dura cerca de 20 minutos, passando pelo centro da cidade de
Mesquita e por Nilópolis. Viajam comigo muitos trabalhadores e jovens que
servem ao Exército. É possível então observar a cidade se levantando: padarias
abrindo, bancas de jornal arrumando as notícias do dia, portões de garagem
sendo abertos por seus donos... A cidade acorda aos poucos, mas os
seus habitantes já se levantaram há bastante tempo.
Foto: prefeitura de Nilópolis |
Em
Anchieta, pego a linha 624
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– Mariópolis-Praça da Bandeira. Não há um só
passageiro desta linha que não tenha o mesmo pensamento: "este ônibus dá muita
volta!" Eu concordo... Num dia bom, com pouco trânsito, levo cerca de
1h45min até o Iserj. É tempo suficiente pra ler os textos,
revisar algum trabalho, dormir e acordar...
Bairro de Anchieta. Foto: História do Rio |
Este ônibus
corta bairros tradicionais, como Deodoro (e toda Vila Militar), Marechal Hermes
(e as filas imensas na porta do Hospital Estadual Carlos Chagas) até chegar à
Base Aérea do Campo dos Afonsos e à avenida Intendente Magalhães, com suas
inúmeras lojas de carros. Devido às obras da
Transcarioca, esse é o pior momento do percurso. O trânsito simplesmente não anda.
Ao chegar
ao Campinho, destaca-se a imponente obra da prefeitura visando à melhoria no
trânsito
– a urbanização do bairro de Madureira. Algumas construções centenárias
foram demolidas em nome do progresso...
Remoções para a obra da Transcarioca, na favela do Campinho, em Madureira. Foto: Eduardo Sá/Fazendo Media. |
Já na avenida Suburbana, destaca-se a convivência entre imóveis residenciais e
comerciais, novos e velhos. A grandiosa igreja de São Benedito, em Pilares, e o
enorme Norte Shopping são construções
marcantes. Há também o Capão do Bispo, a arrojada catedral Universal
do Reino de Deus e o antigo prédio da Fábrica de Tecidos, hoje Shopping Nova
América.
Chegar ao
Jacarezinho é a parte mais angustiante. Ali, observa-se muitos usuários
de drogas, moradores de rua, pessoas se prostituindo... Tudo em meio ao lixo,
aos carros, ao esgoto. A sensação é que essas pessoas se confundem
com o lixo que não queremos mais, que descartamos. Estão ali, a qualquer
hora do dia. Moram em frente a uma Clinica da Família, uma creche e uma
Escola Municipal.
Em
Benfica, o pólo de iluminação e seus belos lustres ajudam a iluminar um pouco o
caminho. Chegando em São Cristovão observamos o Pavilhão de Tradições
Nordestinas, o prédio do Colégio Pedro II e o Teatro Mario Lago. Tudo isso envolto
nas enormes colunas de ferro e concreto do viaduto conhecido como Elevado da Perimetral. Neste ponto
parece que a cidade foi engolida pelo asfalto aéreo. O lugar fica escuro, úmido
e sem vida.
Entramos
na Avenida Francisco Bicalho e o ônibus já está praticamente vazio. Destaca-se
a Leopoldina, construção belíssima, mesmo inacabada. Entramos na rua do ponto
final. Desço e sigo em direção ao Iserj pela praça da Bandeira, que lá se encontra, a
tremular em um grande mastro, toda rasgada e deteriorada.
Obras na Praça da Bandeira terminam em 2014. Foto: Bruna Prado/ Metro RJ |
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