Pilares 42graus - Foto: O Globo |
Algumas vezes consigo tomar meu café; outras, só o faço na lanchonete “A Normalista”, ao chegar no Instituto Superior de Educação do Rio de Janeiro, e entro atrasada na sala porque só sou gente depois de tomar meu café.
Moro em Pilares, subúrbio do Rio, não por vontade, mas por ser pobre, e sem grana para morar em Ipanema, bem pertinho da praia, que amo. Tento sair de casa bem cedo e logo percebo que meu dia, realmente, começou. A vila onde moro é bem próxima ao ponto de ônibus.
Para chegar ao Instituto Superior de Educação do Rio de Janeiro, por ser contramão em relação ao lugar onde moro, preciso entrar em dois ônibus: o 652, Méier/Cascadura; e o 457, Abolição/General Osório; ou o 298, Acari/Castelo, e o 606, Engenho de Dentro/Rodoviária.
Saio de casa e percebo que meu banho foi em vão, pois me deparo com uma intensa poeira na Avenida João Ribeiro, onde moro, por conta de um viaduto que estão construindo (e tão logo fique pronto, certamente, sua parte inferior, transformar-se-á em mais uma favela do Rio): coisas das Olimpíadas e da Copa!
Para chegar ao Instituto Superior de Educação do Rio de Janeiro, por ser contramão em relação ao lugar onde moro, preciso entrar em dois ônibus: o 652, Méier/Cascadura; e o 457, Abolição/General Osório; ou o 298, Acari/Castelo, e o 606, Engenho de Dentro/Rodoviária.
Saio de casa e percebo que meu banho foi em vão, pois me deparo com uma intensa poeira na Avenida João Ribeiro, onde moro, por conta de um viaduto que estão construindo (e tão logo fique pronto, certamente, sua parte inferior, transformar-se-á em mais uma favela do Rio): coisas das Olimpíadas e da Copa!
Por um longo período, espero meu ônibus, que não tem horário certo. Não consigo sentar, é claro, porque existe uma multidão no subúrbio, precisando chegar ao Centro do Rio para trabalhar. Em geral, faço a opção de pegar o 652, seguindo-se do 457, uma vez que o segundo pego no ponto final e consigo sentar, apesar do tempo de viagem ser mais longo porque em todo seu itinerário há tráfego intenso.
Entrando no 457, consigo sentar e, logo-logo, numa busca incessante por equilíbrio, coloco meus fones de ouvido para escutar meus mantras (sempre começo pelos de Shiva). Não chego a adormecer, mas confesso que não presto nenhuma atenção ao caminho porque é irritante levar cerca de duas horas no trecho entre a UERJ e a Praça da Bandeira. Mas o engarrafamento existe no Méier, no Engenho Novo e na Tijuca. Não há humor que resista a isso.
Sei que passo pelo estádio Mário Filho, o que para mim não faz a mínima diferença porque não gosto de futebol. Fico, durante o caminho, apenas olhando o que me interessa: as árvores, o céu, o sol, onde não há aglomeração. Por sinal, tenho muita curiosidade para saber como algumas pessoas podem feder já às 6 horas da manhã!
Chego, então, ao Instituto de Educação. Ao Instituto não, à lanchonete “A Normalista”, pois, conforme disse no início, só sou gente depois de comer. Tento, durante este momento nobre, relaxar e, é claro, entro atrasada para mais um dia de aula...
***
Desmistificando a Índia
Com vinte e poucos anos, a jornalista Sarah Macdonald viajou com uma mochila nas costas pela Índia, de lá partindo com uma impressão de calor, poluição e pobreza. Então quando um pedinte no aeroporto leu sua mão e disse que ela voltaria à India - e por amor - ela gritou, "Nunca!" com o dedo médio em riste para o país. Mas onze anos depois, a profecia se tornou realidade. Quando o amor de Sarah assumiu um posto na Índia, ela abandonou o emprego de seus sonhos e mudou para uma das cidades mais poluídas na face da terra, Nova Déli. Para Sarah esse parecia ser o sacrifício máximo que ela poderia fazer por amor, sacrifício que, literalmente, quase a matou. Assim que se instalou, ela caiu perigosamente doente com pneumonia dupla, uma experiência que a obrigou a encarar algumas sérias questões sobre sua fragilidade e mortalidade, e sobre sua espiritualidade e interior. "Tenho de encontrar paz no único lugar possível na Índia", concluiu. "No interior de mim." Aí começa a sua jornada de descoberta através da Índia em busca do sentido da vida e da morte. Holy Cow [a expressão designa surpresa e é usada nos EUA e Canadá. Em português, poderia ser traduzida como "Caraca!"] reúne crônicas muitas vezes hilariantes das aventuras de MacDonald pela terra do caos e da contradição, de encontros com o hinduísmo, com o islamismo e o jainismo, com os sufis, os sikhs, os parsis e os cristãos, e um caleidoscópio de iogues, swamis e estrelas de Bollywood. De retiros espirituais e nirvanas periclitantes a zonas de guerra e casas noturnas em Nova Déli, o livro trata da jornada de uma mulher numa missão para salvar sua própria alma, sua vida amorosa - e sua sanidade.
Tradução do inglês em resenha acessível em: Goodreads.com
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