Viviane da Silva Santos
Preciso pegar o
trem das seis. Fonte: Mínimo Ajuste |
Toca o alarme do relógio, já são cinco horas da manhã. É hora de
levantar. Tomo meu banho, me arrume e engulo meu desjejum.
Saio apressada de casa e na rua encontro outras pessoas que também
correm contra o tempo. Pessoas que estão saindo de casa para trabalhar,
estudar, ir ao médico ou simplesmente para fazer caminhada. Também tenho o
hábito de caminhar pelo bairro de Santíssimo nos dias de folga... Durante o
exercício físico percebo que muitas ruas surgiram, o número de casas aumentou,
mas pouco o governo tem feito pela melhoria do bairro.
Mas, não é hora de gastar o tempo com devaneios, preciso pegar o
trem das seis.
Chego à estação, está
lotada. Percebo a impaciência de alguns passageiros, concluo que o trem de
Santa Cruz novamente atrasou. Quando ele chega, os passageiros lutam para
conquistar um espaço num dos vagões e, embora nosso amigo Newton já tenha
avisado que dois corpos não ocupam o mesmo lugar, sempre tem um engraçadinho
tentando o impossível. É um momento crítico, sem regras ou prioridades,
uma vez que todos estão atrasados, sem tempo de esperar um próximo trem.
A viagem demora a passar. Gasto meu tempo observando, pela janela, os
bairros da zona oeste e zona norte. Muitos deles invisíveis para os nossos governantes...
Pior é quando desvio meu olhar para seu interior, me sinto numa
cela superlotada. A diferença é que o tempo que fico "presa" dura no
máximo sessenta minutos.
Relógio da Central. Fonte: O Globo |
Enfim, chego ao bairro de São Cristovão. Lá, centenas de pessoas
desembarcam e, em poucos segundos, forma-se uma imensa procissão até
o final da passarela. Em meio à multidão, observo as pessoas que tentam
atravessar o mar de gente. Para aonde elas vão? Por que não seguem a procissão?
Continuo meu destino, apressada, até chegar à Rua Senador Furtado.
Neste trecho, caminho com cautela, desviando dos buracos e das sujeiras jogadas
no chão. Entro na Rua Mariz e Barros, pois estudo no centenário Instituto de
Educação. Na academia, o tempo é de aprender a aprender. Leituras, debates,
seminários. Tudo em prol da aprendizagem.
As horas passam e o estômago avisa que está na hora do almoço. Então,
pressiono o tempo para dar tempo de almoçar com tranquilidade e chegar a tempo
no meu trabalho. Embarco no metrô, ele é rápido e me deixa na Cinelândia, que
apesar do nome só tem um cinema atualmente. A empresa em que trabalho fica na
Rua do Passeio. Esse nome, certamente, foi em homenagem ao primeiro parque da
Cidade, o Passeio Público do Rio de Janeiro.
No trabalho, o tempo também é controlado. É um importante requisito
para ser um bom funcionário. É bem verdade que nem sempre a clientela fica
satisfeita com a rapidez no atendimento, mas a culpa é do tempo que é curto
para atender tantos clientes.
Eis que chega a hora de ir embora, é preciso correr e bater o cartão
para dar tempo de embarcar no trem das dezenove horas na Central do Brasil.
De volta a casa, não pense que a tarefa de tomar conta do tempo acabou!
É preciso ter tempo para família. Tempo que é curto, pois preciso levantar do
sofá, pegar alguns livros, sentar na frente do computador e dedicar algum tempo
para as tarefas escolares.
Você pensa que é fácil tomar conta do tempo? Saiba que sempre fica algo
por fazer ou algum lugar para contemplar durante o dia...
Ufa! Terminei de estudar. Posso recolher meu material, apagar a luz e
ir dormir.
O quê? Quem tomará conta do tempo enquanto durmo? Bem, ele ficará livre
de mim por algumas horas, mas antes de dormir passei-lhe uma missão:
que fique bem quietinho enquanto durmo e me acorde no dia seguinte às cinco
horas da manhã.
***
Tempo é... cinema
O Homem Mosca, de Fred C. Newmey e Sam Taylor (Safety Last!, 1923) |
A máquina do tempo, de Georg Pal (The time machine, 1960) |
De Volta Para o Futuro 3, de Robert Zemeckis (Back to the future, 1990) |
A invenção de Hugo Cabret, de Martin Scorsese (Hugo, 2011) |
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