Wanderlei Júnior
Co-autores: Irene Canadinhas, Malu Melo, Talita Canadinhas, Isabel Loureiro
Olhando pela janela, um menino pensa o mundo afora. Pensa se, por uma janela de prédio, o mundo chegaria a oferecer-lhe... Sua mãe, atrapalhando, chama-o:
- Meu filho, meu filho... Se deixar seus pensamentos voarem assim, eles escaparão pela janela.
Ao ouvir essas palavras, tem uma repentina vontade de sair dessas quatro paredes. E o que tem isso?... Sai de casa e pega as chaves. Antes que sua mãe perguntasse aonde ia, ele dá ciência:
- Vou buscar as ideias que voaram pela janela.
Assim que sai de seu prédio, para... ao olhar sua volta, pergunta-se: onde elas teriam ido parar?
Poucos minutos de caminhada. Sua rua, tão movimentada. Vê um prédio imponente... com uma fachada espelhada... Em sua volta, apercebe-se... o maior das redondezas. Aproxima-se, mas pergunta a um dos outros prédios:
- Você, prédio de pedra, sabe por que aquele tem uma fachada tão espelhada?
E o edifício responde:
- Talvez ele se ache muito poderoso e queira distribuir sua luz entre nós.
Aquela resposta não parece muito convincente. Vai mais adiante... outros prédios... Ao ver um edifício mais moderno – e poderoso:
- Senhor prédio, sabe por que aquele outro é tão espelhado?
E o prédio de ferro forja uma resposta, sobrerguendo-se, levemente:
- Acredito que ele tenha inveja de todos nós e tente copiar nossa imagem em seu grande espelho.
Confuso, o menino se volta ao espelhado:
- Senhor prédio, pode me dizer por que é assim?
- Bom – diz o edifício, sem muito o que dizer – Não sei bem. Meus projetistas dizem que é mais belo... Sempre achei que tinha sido copiado de outros prédios maiores.
- Então não é um edifício “novo”?
- Bem... Não. Se quer um edifício muito original, procure a Velha Igreja. Ela deve ter idade suficiente para passar algum conhecimento.
Anne |
***
O menino reflete seus pensamentos, enquanto caminha pelas ruas até a velha Igreja. Alguns quilômetros depois, ele acha um edifício bem antigo, branco e feito de pedra, rodeado de várias pessoas. Fitando fixamente, repara em suas discretas rachaduras; ao redor do grande sino, que anuncia o início do culto, pouco a pouco, os fiéis caminham em direção a uma magnífica sala, cheia de imagens. O menino vê, ao mesmo tempo, os portões principais da igreja se fecharem à medida que o padre anuncia as primeiras rezas. Assim que nota tudo calmo, ele pergunta:
- Igreja, me disseram que é o prédio mais velho dessa cidade. Então, poderia me responder uma pergunta?
- Claro... eu creio.
O menino recua um pouco. Não se decide o que perguntar. Instantes depois, ele se reaproxima:
- Se veio antes dos demais edifícios, pode me dizer por que todos estão aqui.
A Velha igreja se contrai. Enrugando suas rachaduras, impressiona, ainda mais velha.
- Honestamente, nunca prestei muita atenção na vida dos demais. Muitos lares antigos foram demolidos para dar espaço a vossos prédios enormes. Alguns dos meus amigos mais chegados sucumbiram neles. Caso buscais alguém que realmente saiba tudo, perguntai ao Sol. Ele está aí antes do nascimento de vosso planeta.
Atônito, mal se despede da igreja e segue.
Avistando seu prédio, enxerga o céu e deseja estar perto o bastante do Sol. Quer falar.
Enquanto se aproxima do elevador, uma repentina idéia lhe cutuca a cabeça. Se seu prédio era tão alto, poderia chegar perto o suficiente para encontrar o Sol. Aperta o botão da cobertura, sobe os 23 andares, até a altura máxima. Após alguns segundos, quase pode ouvir o cheiro frio do ar cantar mais alto. Assim que as portas se abrem, ele corre para o parapeito:
- Olá, senhor Sol. Poderia me responder uma pergunta? Me disseram que observa o mundo há mais tempo que todos.
***
O Sol se volta na direção do menino e começa:
- Sim... Sim... é verdade. Sim... o que deseja? Sim... deseja saber? ... ... o quê? ... ...
De novo, ele recua. Perde-se sobre o que perguntar ao Sol. Encolhendo-se a uma balaustrada:
- Gostaria de saber o porquê dessa cidade estar aqui.
- Dizer... Dizer... não posso... ... ... dizer... não posso muito ... ...
- Por quê?! Não é o mais vivido de todos aqui?
- Sou... Sou? Sou! Porém...
- Porém o quê?! – diz o garoto, impaciente.
- Ontem... já não vejo tão bem sua cidade...Ontem... muitos céus no mundo são nuvens de fumaça... Hoje... vejo claramente... Hoje... está quase límpido... Hoje... a cidade parece bem mudada... Sempre... está Maravilhosa... Mas, daqui de cima?! ... ... agora... amanhã... não posso confirmar mais nada ... ...
Encontrando, o menino volta com o mundo adentro, quando sua mãe o interpela:
- E os pensamentos?
Abrindo a porta do quarto, ele disfere:
Obrigada por participar desse projeto!! Eu e todos os autores estamos felizes em contribuir!
ResponderExcluirParticipem sempre. Comentem, sugiram, indiquem, critiquem. A Cidade Educativa é que agradece.
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