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10 de maio de 2011

Três dimensões da aprendizagem com a cidade

Noção de cidade educativa
 (a partir da leitura de Jaume Trilla Bernet) 


1. A cidade como entorno ou continente da educação. Aprender na cidade.
-    Dimensão constituída pelas escolas, centros educativos, educadores de rua, educação familiar etc.;
-    Abrange a educação formal, a não formal e também a informal, configurando o grau de educabilidade da cidade, pela sua quantidade e diversidade de estímulos;
-    Importante lembrar que todas estas forças educativas atuam em SINERGIA, ou seja, não se trata de  uma simples soma, mas da ação combinada entre elas, pelo modo como interagem.
-    Estas instâncias educativas são ininteligíveis fora do contexto urbano e, para atuarem em toda sua potencialidade, não podem ser planejadas independentemente. Os horários, por exemplo, devem ser complementares para a otimização do seu uso;
-    Entre elas, há uma confluência de responsabilidades. Para sua coordenação, é preciso considerar: a  complementaridade e a cooperação entre as instituições, seus recursos e programas.

Sugestão de atividades para aprender na rua
Pesquisa na rua (ou nas imediações), com perguntas a moradores, comerciantes, autônomos e transeuntes (adultos, crianças e velhos): O que é importante de ver e conhecer neste lugar? No seu entender: onde há lixo? arte? cultura? educação?; visitas a entidades locais.

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2. Cidade como fonte, agente informal, meio de educação. Aprender da cidade.
- A densidade de pessoas e elementos culturais facilitam as colisões comunicativas, o cruzamento de elementos, a criatividade e a aquisição de informações;
- A rua é como uma escola da vida e transmite a cultura em mosaico: conteúdos estão dispersos; sem ordem, nem hierarquia epistemológica; incluem aspectos aleatórios;
- Trata-se do inventario da civilização cotidiana: o conhecimento dos objetos, das funções e dos serviços; os elementos da jurisprudência; as regras de conduta;
- Inclui o conceito de autodidaxia (a autoafirmação do sujeito pela contemplação, isto é, num nível de atividade débil, quase passiva mas indefinidamente renovada);
- Todas as relações humanas são socializadoras e educativas, tanto entre os de  mesma faixa etária, quanto as intergeracionais. Na cidade, há inúmeros espaços de interação natural entre crianças e adultos, assim como de jogo espontâneo entre crianças;
- Inclui lugares para aprender a jogar-brincar; o exterior não especializado; as calçadas;
- Subentende uma responsabilidade difusa sobre a segurança das crianças, em contraste com a triste prioridade das cidades (que em geral as exclui);
- A cidade é um educador informal e ambivalente; não seletivo. Ao mesmo tempo, a cidade transmite cultura, civilidade e bom gosto, mas também  agressividade, marginalidade, insensibilidade, consumismo, indiferença.
MBGLA
Sugestões de atividades para aprender da rua
Ir às ruas e inventariar conhecimentos aleatórios através de anúncios, faixas e cartazes, depois de olhar uma vitrine, um outdoor, um pedaço de calçada; conversar com um mendigo, um menino de rua, um cobrador etc.; sentar num banco e olhar  as atividades em curso, as brincadeiras, as atitudes, os pequenos rituais; fazer um caminho diferente; conhecer uma rua próxima.

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3. A cidade como objetivo ou conteúdo educativo. Aprender a cidade.
- Acontece no deslocamento, no transporte; na movimentação para o abastecimento e o ócio;
- Inclui o uso não codificado; o entendimento para além da obviedade; a relação com a aparência, mas não com a estrutura; a despreocupação com a gênese e a prospecção;
 - Trata-se da aprendizagem informal parcial, mapeada pela classe social, pelo lugar de residência, pelo grupo generacional, pelo ofício, pelo repertório familiar, pelos hábitos de ócio (conhece-se sempre uma parcela ou uma dimensão limitada da cidade; uma cidade é composta por muitas);
- Pressupõe que toda coexistência se constitui pela justaposição de ambientes.

Para apreender a cidade
é preciso superar os limites impostos e + desenvolver atitudes a fim de criar novas organizações e  aprofundar o conhecimento informal;
é preciso desenvolver a capacidade de ler as várias cidades existentes num só lugar.

A cidade é forma e é transformação.

Cidade é lugar de educação e de reeducação.

É lugar de exercício da “compreensão do compreender do outro”.

MBGLA
Procure então:
a)    aprender a ler a cidade (ver conceito de legibilidade do meio urbano de LYNCH)
b)    aprender a cidade não como objeto estático, mas como entrelaçamento de redes dinâmicas; rizomas, possibilidade de devir, a partir de signos que evoquem o passado e ajudem a compreender como e porquê a cidade chegou a ser o que é
c)    aprender a utilizar a cidade (na linha do “aprender a aprender” pois a cidade é um amplo depósito de recursos para a autodidaxia e autoeducação permanente)
d)    aprender a ultrapassar a parcela de cidade que constitui o habitat concreto de cada qual (ampliando o horizonte das vivências imediatas e cotidianas, os itinerários seletivos e discriminatórios); descobrir as subcidades
e)    aprender a desenvolver uma atitude participativa em termos de sua construção (a cidade não é um objeto de estudo externo ao aprendiz cidadão)
f)    apreender a cidade como mundo e como terra: como espaço comunitário e como lugar de habitar e de sonhar

Discutir a cidade 
(História; Forma de ocupação;  Favelas; Apartheid social; Imagens e estereótipos do “carioca”)
Pensar a cidade como um museu aberto / um teatro mambembe
Pesquisar fluxos disponíveis de informação
Construir saberes necessários para a alfabetização do cidadão (destacar a cidade como ambiente alfabetizador; instigar a capacidade de formular, perguntar, questionar; criar espaços de vivência solidária; oportunizar o encontro com o outro, visando a inclusão)

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Projeto da Nova Babilônia: megaestruturas espaciais desenvolvidas por Constant; cujos elementos diagonais e tencionáveis tornavam possíveis e permanentes as inovações estruturais. Nova Babilônia foi concebida como uma construção contínua sobre pilares, com um sistema extenso de espaços para se dormir, divertir, assim como também lugares para a produção e distribuição de objetos e utensílios, enquanto que o solo ficaria livre para o tráfego e para reuniões públicas. (cf. Territorios.org)

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